Ilhota

É preciso lutar para não morrer nem de COVID-19, nem por bala racista, nem por ódio fascista, não basta indignação é preciso ação!

Uma humilde contribuição ao debate setorial de Direitos Humanos sobre a violência policial ocorrida ontem em Itajaí.

ícone relógio15/09/2021 às 01:02:59- atualizado em  
É preciso lutar para não morrer nem de COVID-19, nem por bala racista, nem por ódio fascista, não basta indignação é preciso ação!

Por Dialison Cleber Vitti*

Acompanhando os noticiários de hoje, fiquei estarrecido com dois acontecimentos que cada dia se tornam comuns, uma abordagem policial na cidade de Itajaí absurda, com cenas de violência desmedida e tortura inaceitável contra um adolescente cujo o grande crime foi vender “alfajores” para ajudar a sua família. O outro numa denúncia do Deputado Federal Paulo Pimenta (PT-RS) em suas redes sociais em um crime bárbaro, uma tortura a um quilombola na cidade de Portalegre (Rio Grande do Norte).

Vejam que iniciei este texto afirmando que estas cenas estão cada dia mais comum, e é verdade, todavia o que mais me incomoda é a naturalização da violência e da negação dos Direitos Humanos, em outros tempos gritaríamos, iriamos as ruas, protestaríamos, clamaríamos por justiça, o que está acontecendo conosco?

Neste momento histórico estamos vivenciando políticas de segurança pública, gestadas com a finalidade de conter e segregar determinados segmentos populacionais tidos como indesejáveis. O clamor social pela repressão dos crescentes níveis de criminalidade e violência urbana preconiza uma atuação estatal autoritária e antidemocrática, como forma de controle social e manutenção da ordem. A adoção de tal postura relaciona-se aos ditames do modelo fascista-neoliberal, a ordem é matar negros, indígenas, quilombolas, enfim pobres, que numa visão capitalista não geram consumo e colocam o patrimônio dos ricos em risco. Ora meus amigos, então essa violência está apontada para a cabeça da maioria de nosso povo.

Com a crise do Estado e a precarização das políticas sociais – a construção ideológica doutrinadora das camadas abastadas contra os pobres – e as mudanças consequentes da reestruturação produtiva e da revolução tecnológica, as democracias contemporâneas tendem a concentrar suas ações em políticas de controle penal. O recurso é usado como forma de conter, em seus “devidos lugares”, a população sobrante e descartada pelo modelo de produção destrutiva e de consumo desenfreado, em benefício da segurança patrimonial de uma elite.

Esse é o quadro da sociedade contemporânea brasileira, que, marcada pela lógica da acumulação capitalista globalizada, tende a uma maior intolerância aos atos julgados como perturbadores da lei e da ordem. Volta-se, com todas as forças, contra as classes subalternas, encobrindo as ilegalidades da classe dominante por meio de uma seletividade punitiva, com a política de armamento e de discursos de ódio, estamos construindo um país onde se autoriza a morte.

Faz-se necessário urgentemente repensar nossas ações, devemos nos indignar e gritar fortemente contra todo tipo de violência, mas mais do que isso é agir, construir ações e espaços onde nosso povo possa encontrar justiça, fortalecendo os espaços ou centros de defesa de Direitos Humanos, criando ou rearticulando conselhos de defesa dos Direitos Humanos, articulando redes de denúncia e exigência de realização deste direito fundamental que é a dignidade humana, como disse Martin Luther King “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

Para assistir aos vídeos, acesse por este link.

Seguimos na luta.


*Dialison Cleber Vitti, é bacharel em Teologia, militante político e dos movimentos sociais no município, foi presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Comunitário de Segurança e o atual membro Presidente efetivo do PT Ilhota.