É preciso lutar para não morrer nem de COVID-19, nem por bala racista, nem por ódio fascista, não basta indignação é preciso ação!
Uma humilde contribuição ao debate setorial de Direitos Humanos sobre a violência policial ocorrida ontem em Itajaí.

Acompanhando os noticiários de hoje, fiquei estarrecido com dois acontecimentos que cada dia se tornam comuns, uma abordagem policial na cidade de Itajaí absurda, com cenas de violência desmedida e tortura inaceitável contra um adolescente cujo o grande crime foi vender “alfajores” para ajudar a sua família. O outro numa denúncia do Deputado Federal Paulo Pimenta (PT-RS) em suas redes sociais em um crime bárbaro, uma tortura a um quilombola na cidade de Portalegre (Rio Grande do Norte).
Vejam que iniciei este texto afirmando que estas cenas estão cada dia mais comum, e é verdade, todavia o que mais me incomoda é a naturalização da violência e da negação dos Direitos Humanos, em outros tempos gritaríamos, iriamos as ruas, protestaríamos, clamaríamos por justiça, o que está acontecendo conosco?
Neste momento histórico estamos vivenciando políticas de segurança pública, gestadas com a finalidade de conter e segregar determinados segmentos populacionais tidos como indesejáveis. O clamor social pela repressão dos crescentes níveis de criminalidade e violência urbana preconiza uma atuação estatal autoritária e antidemocrática, como forma de controle social e manutenção da ordem. A adoção de tal postura relaciona-se aos ditames do modelo fascista-neoliberal, a ordem é matar negros, indígenas, quilombolas, enfim pobres, que numa visão capitalista não geram consumo e colocam o patrimônio dos ricos em risco. Ora meus amigos, então essa violência está apontada para a cabeça da maioria de nosso povo.
Com a crise do Estado e a precarização das políticas sociais – a construção ideológica doutrinadora das camadas abastadas contra os pobres – e as mudanças consequentes da reestruturação produtiva e da revolução tecnológica, as democracias contemporâneas tendem a concentrar suas ações em políticas de controle penal. O recurso é usado como forma de conter, em seus “devidos lugares”, a população sobrante e descartada pelo modelo de produção destrutiva e de consumo desenfreado, em benefício da segurança patrimonial de uma elite.
Esse é o quadro da sociedade contemporânea brasileira, que, marcada pela lógica da acumulação capitalista globalizada, tende a uma maior intolerância aos atos julgados como perturbadores da lei e da ordem. Volta-se, com todas as forças, contra as classes subalternas, encobrindo as ilegalidades da classe dominante por meio de uma seletividade punitiva, com a política de armamento e de discursos de ódio, estamos construindo um país onde se autoriza a morte.
Faz-se necessário urgentemente repensar nossas ações, devemos nos indignar e gritar fortemente contra todo tipo de violência, mas mais do que isso é agir, construir ações e espaços onde nosso povo possa encontrar justiça, fortalecendo os espaços ou centros de defesa de Direitos Humanos, criando ou rearticulando conselhos de defesa dos Direitos Humanos, articulando redes de denúncia e exigência de realização deste direito fundamental que é a dignidade humana, como disse Martin Luther King “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Para assistir aos vídeos, acesse por este link.
Seguimos na luta.
*Dialison Cleber Vitti, é bacharel em Teologia, militante político e dos movimentos sociais no município, foi presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Comunitário de Segurança e o atual membro Presidente efetivo do PT Ilhota.
